Retinopatia Diabética
O diabetes é uma doença em que o organismo não é capaz de armazenar e usar o açúcar adequadamente. Algumas características do diabetes agudo descompensado são: sede, urina excessiva, elevados níveis de açúcar no sangue. Com a evolução da doença surgem várias alterações, entre elas nos vasos sanguíneos (pequenas veias e artérias), especialmente nos rins, cérebro, extremidades do corpo humano e nos olhos. Podendo, neste último caso, causar glaucoma, catarata e retinopatia diabética.
A retina é uma fina e delicada camada de um tecido nervoso, sensível a luz, que recobre o fundo do olho. Os raios de luz e suas respectivas frentes de onda ao penetrarem no olho são focados na retina pela córnea e pelo cristalino. A retina então produz um sinal que é enviado pelo nervo óptico e pelas vias ópticas para o cérebro onde é interpretado. A mácula é a parte central e mais sensível da retina, a qual proporciona uma visão nítida, detalhada e em cores. A parte periférica da retina é responsável pela visão noturna e pela visão lateral.
Embora as causas da retinopatia diabética não sejam completamente conhecidas, sabe-se que a doença é uma complicação do diabetes decorrente da deterioração dos vasos sanguíneos que alimentam a retina, podendo comprometer a visão.
TIPOS
A retinopatia não proliferativa é o estágio inicial da doença. Os vasos sanguíneos podem se tornar incompetentes e permitir o extravasamento de soro ou sangue, causando a formação de depósitos chamados exsudatos ou inchaço da retina. Se os depósitos atingirem a mácula, a pessoa poderá notar o aparecimento de manchas, distorção da imagem e redução ou embaçamento da visão. Os oftalmologistas consideram a retinopatia não proliferativa como um sinal de alarme, pois pode evoluir para um estágio mais grave e avançado, a retinopatia proliferativa.
A retinopatia proliferativa caracteriza-se pelo crescimento de vasos sanguíneos anormais na superfície da retina em substituição aos que se romperam. Esses novos vasos têm paredes mais frágeis e são mais propensos ao rompimento, podendo dar origem a grandes hemorragias causadoras da perda da transparência do vítreo, a substância gelatinosa que preenche o globo ocular, e o bloqueio parcial dos raios de luz que chegam à retina.
Uma vez que numa fase bem inicial da doença não há sintomas como dor, olhos avermelhados ou secreção, a moléstia pode passar desapercebida a não ser que seja detectada em uma consulta. Assim, para proteger-se da retinopatia diabética, todo diabético deve realizar uma consulta oftalmológica completa pelo menos uma vez por ano, de preferência com um oftalmologista especializado em problemas de retina.
A consulta é indolor e dura cerca de 30 minutos. O oftalmologista irá dilatar a pupila com gotas de colírio e usará um oftalmoscópio para examinar o fundo do olho. Se notar indícios de retinopatia diabética, ele poderá realizar uma angiofluoresceinografia, um exame em que um produto, injetado em uma das veias do braço do paciente, chega rapidamente aos olhos, possibilitando a identificação da vascularização anormal da retina e a realização de fotografias que ajudarão a programar o tratamento. Outro exame, o OCT permite graduar o esapessamento da retina e verificar a presença de tração vitreomacular. Podemos também realizar uma ultrassonografia, em casos que de hemorragias ou apacidades vítreas que impedem a observação do fndo do olho.
Retinopatia diabética não proliferativa e edema de mácula.
Retinopatia diabética proliferativa: observa-se neovascularização retiniana e disco óptico, fibrose incipiente e hemorragia.
Angiografia fluoresceínica mostrando extensa área retiniana sem perfusão capilar.
Tratamento
Geralmente, na fase inicial da doença há apenas necessidade de consultas oftalmológicas regulares e, também, de se controlar o açúcar no sangue, o colesterol e a pressão arterial. Mas, se houver risco de redução ou perda da visão, o oftalmologista iniciará o tratamento para evitar danos adicionais e, se possível, melhorar a visão. Se, por exemplo, o vazamento de soro e sangue afetar a mácula, será realizado um tratamento com laser ou com injeções de agentes que impedem a proliferação vascular (anti-VGEF) para eliminar os vasos incompetentes. Esse tratamento não interrompe a fase inicial da retinopatia, mas reduz a perda adicional da visão e evita novos vazamentos de soro e/ ou sangue.
O laser é também usado no tratamento da retinopatia diabética proliferativa avançada para reduzir o crescimento dos vasos sanguíneos anormais. Entretanto, se nesta fase da doença ocorrer uma hemorragia significativa e/ ou descolamento de retina, o oftalmologista poderá recomendar a realização de uma cirurgia denominada vitrectomia. Em alguns casos pode haver, ainda, necessidade de uma cirurgia de descolamento de retina, com remoção de membranas fibrovasculares, em conjunto com a vitrectomia e aplicação intra-ocular do laser (endolaser).
Retinopatia diabética fotocoagulada com laser de argônio.
Esquema de uma cirurgia de vitrectomia em caso de hemorragia vítrea.
Evitando a cegueira
As pessoas que tem diabetes apresentam riscos vinte e cinco vezes maior de ficarem cegas do que as não portadoras da doença. Mesmo com os avanços da medicina, a retinopatia continua sendo a principal causa de cegueira irreversível entre adultos, e, as pessoas com taxa de glicemia no sangue acima de 200mg apresentam alto risco de desenvolvê-la.
Geralmente, a retinopatia diabética não ocorre nos anos iniciais do diabetes, mas, após dez anos de doença. É nesta fase que iniciam-se as alterações no fundo do olho e a partir desse ponto os exames oftalmológicos devem ser feitos frequentemente. A retinopatia diabética atinge mais de 75% das pessoas que tem diabetes há mais de 20 anos e o risco aumenta com a idade.
A ocorrência da retinopatia diabética não pode ser evitada. Mas, com os métodos de diagnose e tratamento hoje existentes, apenas uma pequena porcentagem dos diabéticos sob tratamento permanente chega a apresentar sérios problemas de visão. Se você tem diabetes, submeta-se a consultas periódicas, conforme recomendação do oftalmologista. Mantenha os níveis adequados de açúcar no sangue, não fume e acompanhe o colesterol e a pressão sanguínea. O diagnóstico e o tratamento preventivos, aliados ao cumprimento da medicação e da dieta, são fundamentais para retardar a evolução da doença.